Sonhei que numa casa, ao nordeste do Brasil, litoral, havia um pasto com vacas.
Aconteceu um dia de uma das vacas começar a crescer desproporcionalmente às outras e à tudo ao redor. E por ser muito grande e forte não havia quem a domasse.
Ia caminhando ao seu passo irracional de vaca, com suas enormes tetas a derrubarem o que tocavam e suas largas patas a afundarem o chão.
Eis que ao fim de um dia, ainda mais crescida, como ao fim de todos os dias, tentou adentrar sua casa, que de súbito rompeu-se a não sustentar os passos da grande vaca, nem muito menos seu violento movimento de expansão para todos os lados.
Após tal acontecido, foi chamado o pescador mais nobre da redondeza, que muito habilidoso com cordas e marés teria ou força para a conter, ou bravura para morrer tentando.
Joga a corda o pescador ao redor do pescoço da vaca que se debate. É arremessado para todos os lados, voando preso por seu nó. Após algum tempo resistindo, a vaca quase que por entender, mais do que por cansar, para. Dobra suas pernas e deita. Para também o pescador que dorme espalhado em seu pescoço, agora cúmplice.
E encerra-se assim o sonho. Acordei com frio no meio da noite.
Me pareceu infantil e absurdo e logo voltei a dormir.
Lisboa, 11 de outubro de 2010.